Por Dr. Mercola
A enxaqueca afeta uma estimativa de 38 milhões de pessoas. Pode atingir tanto jovens quanto idosos, porém a maioria das pessoas que sofre com ela é mulher e tem entre 35 e 55 anos de idade.
No mundo, cerca de 1 bilhão de pessoas é afetado tornando a enxaqueca a terceira doença mais frequente do mundo. Ainda assim, apesar de sua prevalência, pesquisadores ainda sofrem para entender exatamente como e por que a enxaqueca ocorre. Juntamente com a complexidade, existem vários tipos diferentes de enxaqueca, incluindo:
- Em salvas
- Crônica
- Esporádica
- Basilar
- Hemiplégica
- Retiniana
- Abdominal
- Ótica
- Com aura
- Sem aura
- Com duração acima de 72 horas
- Transformada
- Menstrual
- Vestibular
O que Diferencia Enxaqueca de Outras Dores de Cabeça?
Ataques de enxaqueca são tipicamente recorrentes, de intensidade moderada a grave, muitas vezes ocorrentes somente em um dos lados da cabeça.
Juntamente com dor latejante, aguda ou “ardente”, outros sintomas comuns incluem náusea, distúrbios visuais, tontura, entorpecimento nas extremidades ou na face, e extrema sensibilidade à luz, a sons, odores e toque.
Um ataque de enxaqueca pode durar desde algumas horas até três dias, geralmente necessitando de cama em escuridão e silêncio completos.
De forma geral, acredita-se que a enxaqueca seja um distúrbio do sistema nervoso central, mais provavelmente iniciando no tronco encefálico. Enquanto a maioria das regiões cerebrais não registra ou transmite sinais de dor, a rede do nervo trigêmeo o faz.
Acredita-se que a dor seja transmitida através da rede do nervo trigêmeo a uma área do tronco encefálico chamada núcleo trigêmeo. Dali, ela é transportada ao córtex sensorial do cérebro que está envolvido com a conscientização da dor e outros sentidos. No entanto, o que inicialmente ativa o nervo trigêmeo causando a enxaqueca ainda está em debate.
Uma das hipóteses é que uma onda de neurotransmissores movendo-se ao longo do córtex pode diretamente estimular o nervo trigêmeo, configurando uma reação em cadeia que termina na transmissão do sinal de dor.
No geral, existem diversos mecanismos em jogo. Sabemos, por exemplo, que a enxaqueca é mais comum em mulheres do que em homens e que isto foi associado a influências hormonais.
Deficiências Nutricionais Associadas à Enxaqueca
Deficiências nutricionais podem contribuir ou causar uma série de diferentes problemas de saúde, incluindo enxaqueca. A “America's pharmacist” (Farmacêutica americana, em tradução livre) Suzy Cohen debate soluções não medicamentosas para o alívio de enxaqueca e de dor de cabeça, incluindo suplementos nutricionais.
Nutrientes de particular importância aqui são a vitamina D, magnésio, Coenzima Q10 (CoQ10) e riboflavina (vitamina B2), e a deficiência em um ou mais destes elementos é bastante comum.
Em um estudo sobre enxaqueca envolvendo mais de 7.400 crianças, adolescentes e jovens adultos, 16 a 51% dos participantes tinham níveis de vitaminas abaixo da média dependendo da vitamina testada. Os que sofriam com enxaqueca crônica estavam mais suscetíveis a ter deficiência em CoQ10 e riboflavina comparando com os participantes que tinham enxaqueca esporádica.
Infelizmente, muitos dos pacientes envolvidos neste estudo tiveram prescrita terapia preventiva e muito poucos tiveram prescritos suplementos de forma que os pesquisadores pudessem determinar se a suplementação foi suficiente para, de fato, evitar a ocorrência de enxaquecas. No entanto, outra pesquisa sugere que ela pode.
Por exemplo, uma pesquisa realizada usando suplementação com vitamina D demonstrou redução no índice de proteína C-reativa (CRP) e redução estatisticamente significante na frequência de dores de cabeça. Outro estudo realizado mais recentemente por pesquisadores finlandeses concluiu que homens com níveis baixos de vitamina D estavam duas vezes mais suscetíveis a sofrer dores de cabeça do que os que possuem níveis mais altos.
No geral, quanto mais baixo é o nível de vitamina D no sangue do homem, mais frequentes são suas dores de cabeça. Os que possuíam nível de vitamina D no sangue na faixa de 15,3 nanogramas por mililitro (ng/mL) ou mais baixo, tipicamente tinham um ou mais episódios de dor de cabeça por semana, enquanto os que possuíam nível na faixa de 11,6 ng/mL ou menor relataram até sete dores de cabeça por semana.
Idealmente, o nível de vitamina D deve estar entre 40 e 60 ng/mL, portanto ambos os grupos estavam gravemente deficientes.
O Magnésio é Empiricamente Recomendado Para Pessoas que Sofrem com Enxaqueca
O magnésio — que pode afetar tanto a função receptora de serotonina quanto a produção e uso dos neurotransmissores — também demonstrou desempenhar importante função na prevenção e no tratamento de enxaquecas, e pessoas que sofrem com enxaquecas estão mais suscetíveis a sofrer de deficiência de magnésio do que pessoas que não sofrem com o problema.
Pesquisadores teorizam que pessoas que sofrem com enxaquecas podem desenvolver deficiência em magnésio por uma série de motivos, incluindo má absorção, perda renal, excreção elevada devido ao estresse ou consumo nutricional baixo. Uma vez que a administração de magnésio é fácil e segura, pesquisadores observaram que o tratamento empírico com suplemento de magnésio é justificado para pessoas que sofrem com enxaquecas.
Como profilático, esteja preparado(a) para elevar o consumo de magnésio por, pelo menos, três meses para verificar os resultados, idealmente em combinação com CoQ10.
Em diversos casos, a administração de uma alta dose de magnésio pode também abortar um ataque em progresso. A forma mais eficaz de administrar magnésio para enxaqueca é através de infusão intravenosa (IV). Eu costumava administrar regularmente magnésio IV para pessoas com enxaqueca aguda e parecia funcionar para a maioria dos pacientes na interrupção da dor de cabeça.
Salvo tal opção, o magnésio treonato pode ser a melhor opção de suplementação oral. Este possui capacidade de absorção superior comparando-se com outras formas de magnésio e sua habilidade em atravessar a barreira hematoencefálica o torna mais provável de promover efeito benéfico ao cérebro.
Vitaminas B Também São Importantes
Além de CoQ10, magnésio e vitamina D, outras deficiências de vitaminas associadas à enxaqueca incluem riboflavina (B2), B6, B12 e ácido fólico. Um estudo realizado em 2009 avaliou o efeito de 2 mg de ácido fólico, 25 mg de vitamina B6 e 400 microgramas (mcg) de vitamina B12 em 52 pacientes diagnosticados com enxaqueca com aura.
Comparado ao grupo do placebo, as pessoas administradas com estes suplementos experimentaram uma redução de 50% na ocorrência de enxaquecas durante um período de seis meses. Estudos realizados anteriormente também relataram que altas doses de riboflavina podem ajudar na prevenção de ataques de enxaqueca.
Por exemplo, em um estudo realizado, pacientes que receberam 400 mg de riboflavina por dia experimentaram redução de 50% na frequência de ataques de enxaqueca após três meses.
Você Está Consumindo Bastante Desses Alimentos?
Além de adicionar alimentos ricos em magnésio, riboflavina e CoQ10 à sua dieta diária, procure produtos orgânicos provenientes de animais alimentados no pasto para reduzir sua exposição a toxinas e outros estressores. Para obtenção de vitamina D, a melhor forma é a exposição adequada ao sol. Se você optar por suplementos de vitamina D3, certifique-se de aumentar o consumo de vitamina K2 e magnésio.
- Alimentos Ricos em Magnésio
- Vegetais de folha verde-escura
- Castanhas e sementes
- Salmão selvagem do Alasca
- Abacate
- Bananas
- Iogurte feito com leite orgânico e/ou proveniente de animais alimentados com grama sem adição de açúcar
- Alimentos Ricos em Riboflavina
- Espinafre
- Folhas verdes da beterraba
- Tempeh
- Cogumelos Crimini
- Ovos provenientes de animais alimentados no pasto
- Aspargos
- Amêndoas
- Alimentos Ricos em CoQ10
- Carne bovina proveniente de animal alimentado com grama
- Arenque
- Galinha orgânica alimentada no pasto
- Semente de gergelim
- Brócolis
- Couve-flor
Prevenção de Enxaqueca Para Iniciantes: Evite os Causadores
Os medicamentos para enxaquecas somente funcionam em metade do tempo em 50% das pessoas que os consomem. Eles podem também causar efeitos colaterais graves, incluindo dor de cabeça devido ao uso excessivo de medicamentos que geralmente ocorre quando você consome grande quantidade deles ou consome com muita frequência.
Pior ainda, se você consome medicamentos à base de triptamina (que se liga aos receptores de serotonina constringindo os vasos sanguíneos do cérebro) mas a dor não se deve aos vasos sanguíneos dilatados, então a constrição dos vasos pode ser potencialmente prejudicial.
Eventos cardiovasculares graves, incluindo ataque cardíaco e AVC são, na verdade, efeitos colaterais destes tipos de medicamentos.
Sua melhor aposta, realmente, é tentar cortar as causas raiz da enxaqueca em vez de confiar nos medicamentos toda vez que ocorrer um ataque.
O primeiro passo é evitar qualquer causador potencial. Embora existam diversos (e o que desencadeia uma enxaqueca para uma pessoa pode não ser o mesmo que para outra), os seguintes são os mais comuns. Manter uma agenda onde você possa registrar e rastrear causadores suspeitos pode ajudá-lo(a) a determinar qualquer correlação:
- Alimentos e bebidas, especialmente trigo e glúten, derivados de leite, cana de açúcar, levedura, milho, cítricos, ovos, conservantes artificiais ou aditivos químicos, carne curada ou processada, álcool (especialmente vinho tinto e cerveja), aspartame, cafeína e Glutamato monossódico.
- Alergias, incluindo alergias e sensibilidade a alimentos e a produtos químicos. Pesquisa publicada no jornal Lancet em 1979 mostrou que pessoas que sofrem de enxaqueca com imunorreatividade a antígeno do alimento experimentaram alívio quando tentaram a dieta da eliminação.
- Outro estudo aleatório, duplo-cego, cruzado, publicado em 2010 concluiu que uma dieta estrita com duração de seis semanas resultou em redução estatisticamente significante na ocorrência de enxaquecas em pessoas diagnosticadas com enxaqueca com aura.
- Se você suspeitar sofrer de alergia a alimentos, sugiro fazer a dieta da eliminação para verificar se os sintomas melhoram. Tenha em mente que dependendo da frequência de suas enxaquecas, talvez você precise evitar o alimento suspeito por várias semanas para avaliar se isso promove algum efeito ou não.
- Para confirmar os resultados, reintroduza o alimento ou a bebida com o estômago vazio. Se o alimento suspeito for o culpado, você será capaz de sentir os sintomas de volta dentro de uma hora, embora as enxaquecas possam às vezes ter uma defasagem de tempo mais longa do que o inchaço ou sonolência.
- Hormônios: Algumas mulheres experimentam enxaquecas antes ou durante o período de menstruação, durante a gravidez ou durante a menopausa. Outras podem ter enxaqueca com medicações hormonais, como pílulas anticoncepcionais ou terapia de reposição hormonal.
- Estímulos externos: Luzes fortes, luzes fluorescentes, sons altos e odores fortes (mesmo os agradáveis) podem desencadear e/ou agravar a enxaqueca. A luz azul, em particular, pode ser problemática. Muitos dispositivos digitais e fontes de luz de LED emitem principalmente luz azul.
- Pesquisa realizada concluiu que essa luz aumenta a dor da enxaqueca e ativa o nervo trigêmeo, associado à dor das enxaquecas. Entretanto, a luz verde pode ajudar a aliviar a dor da enxaqueca e a fotossensibilidade.
- Alterações no ciclo do sono, tanto a falta de sono quanto o excesso de sono.
- Estresse/Pós-estresse. Qualquer tipo de trauma emocional pode desencadear uma enxaqueca, mesmo depois de o estresse ter passado.
- Desidratação e/ou fome. Pular refeições ou ficar em jejum são também causadores comuns.
- Esforço físico: Exercícios extremamente intensos, ou mesmo sexo, são conhecidos por desencadear enxaquecas.
- Alteração no clima e/ou alterações na altitude.
Fonte:
https://portuguese.mercola.com/sites/articles/archive/2018/06/24/enxaquecas-causas-tratamentos.aspx?utm_source=facebook.com&utm_medium=referral&utm_content=facebookmercolaport_lead&utm_campaign=6242018_enxaquecas-causas-tratamentos