Há algum tempo atrás, surgiram muitas notícias na mídia, alertando para o risco do arsênico no arroz e sua farinha, provavelmente para que as pessoas voltassem a consumir o nocivo glúten (neste caso especificamente a farinha de trigo e alimentos processados que a contém). Se pensam que arroz é contaminado por arsênio, imaginem o frango de granja e seus ovos!
A produção de aves domésticas tem se tornado um grande atrativo no mercado mundial e o Brasil ocupa uma posição de destaque nesse mercado, atuando como um grande exportador de carne de frango. O consumo de carne de frango de corte tem apresentado um crescimento considerável nos últimos anos.
O êxito da cadeia produtiva do frango de corte é dependente de cuidados com a alimentação das aves. Como parte das estratégias nutricionais, eventualmente pode-se utilizar um estimulante organoarsênico denominado roxarsone (ácido 3-nitro-4-hidroxifenilarsênico) para a alimentação das aves visando garantir uma melhor pigmentação da carne, promover uma aceleração do crescimento, aumentar o peso das aves e eliminar os parasitas causadores de doenças. Esse composto é considerado relativamente benigno e pode ser facilmente convertido nas formas mais tóxicas desse elemento, que são as formas inorgânicas As(III) e As(V). Trabalhos na literatura mostram que um micro-organismo do gênero Clostridium é capaz de converter em menos de 10 dias o roxarsone em arsenato, podendo esse ser facilmente lixiviado para águas subterrâneas.
Esse composto apresenta um ciclo que se inicia na alimentação das aves, sendo que em condições anaeróbicas origina o arsênio na forma inorgânica, que pode ficar alojado tanto na carne do frango ou ser excretado na cama de frango. A cama de frango, apesar do uso proibido, pode ser utilizada na alimentação bovina e na forma de adubos para a agricultura por conter altos níveis de ureia e, dessa forma, pode contaminar o ambiente e uma série de produtos de alto consumo na cadeia alimentar humana.
De acordo com estudos realizados, o consumo humano da carne de frango pode implicar em ingestão média diária entre 1,3 a 5,2 µg (mcg, microgramas) de As (arsênico) por dia. Salienta-se que a contaminação do organismo humano por esse elemento não ocorre somente pela ingestão de aves, uma vez que também pode ocorrer por meio de água contaminada, uso de pesticidas e herbicidas à base de arsênio, materiais semicondutores, eletrônicos, mineração, produção de vidros, vacinas, panelas e utensílios de alumínio, medicamentos antiácidos, plásticos e outros produtos químicos.
A determinação do teor total de arsênio nos digeridos indicou a presença desse contaminante em alguns compartimentos, o que provavelmente pode ocasionar a liberação do elemento no ambiente ou na dieta humana, sendo uma potencial fonte de contaminação da cadeia alimentar. Pode-se também observar que os teores de arsênio variaram significativamente nas amostras de ração e que o contaminante foi encontrado principalmente nas amostras que intercalam o ciclo, como as rações de crescimento, postura e engorda e, eventualmente, pela utilização do estimulante nessa fase da produção.
Para reduzir/evitar este tipo de contaminação, plante seus vegetais em casa sem cama de frango de granja ou fertilizantes sintéticos ou consuma vegetais orgânicos, e ainda, frangos e ovos caipiras e orgânicos sempre que possível. A korin tem uma linha orgânica de frango e outra sem antibióticos como melhoradores de desempenho (TAEQ, Seara e outras marcas também tem esta última linha).
Pra destoxificar arsênico do organismo, veja este artigo: Destoxificação de Metais Pesados
Fonte:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422011000100010&fbclid=IwAR2zWPDpV88fTpwJDUvQSiSP52Job6vpkOsTNX_md_ubvL2wywAHMgETOjI